CAPS faz apresentação musical na Câmara

A reunião da Câmara teve momentos especiais na noite de quinta-feira, 18 de maio, com a presença da equipe e pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), em comemoração ao Dia da Luta Antimanicomial.  Marcos Alexandre F. Moreira falou na tribuna popular sobre a história da reforma assistencial psiquiátrica no Brasil, que por exigência da Organização das Nações Unidas aboliu os hospitais psiquiátricos. Ele relembrou estes hospitais como ambientes de perversidades, mortes e abandono das pessoas. “Estou aqui como cidadão militante do movimento antimanicomial”, explicou, e disse que os considerados indesejados pela sociedade eram abandonados lá dentro, como mães solteiras, homossexuais, menores abandonados, pessoas sem documentos, indígenas e loucos.  Marcos explicou que o CAPS veio substituir aquele tratamento arcaico e possibilitar que o paciente continue convivendo em sociedade: “O CAPS cuida das pessoas com transtornos mentais graves, severos e persistentes, e mostra que se elas forem tratadas de forma coerente podem conviver socialmente. Ninguém é internado mais sem ter motivo grave, a menos que coloque em risco sua própria vida ou de outros.”  Ele defendeu que a eficiência dos CAPS é que vai impedir que os manicômios voltem.  

A coordenadora do CAPS Thamyres Santos falou aos vereadores sobre o trabalho do Centro: “Atendemos 42 pacientes na permanência dia, que frequentam, e são mais de mil pacientes cadastrados, sendo que há os que são atendidos na Policlínica. Somos referência para quatro municípios, Alto Caparaó, Martins Soares, Durandé e Alto Jequitibá. Temos uma equipe multidisciplinar e desenvolvemos muitos tipos de trabalhos com eles, mas muita gente não sabe, por isto estamos aqui para mostrar. Procuramos ouvir quando um paciente nos procura, saber de seus dramas, o que sente, para traçar o seu plano terapêutico.”   Ela destacou que os pacientes tomam café cedo, têm aula de artesanato, almoçam, têm oficina pedagógica com outras atividades. Através de uma parceria com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) eles têm atividade física e musicoterapia. 

O vereador Benísio Enfermeiro já trabalhou no Centro e tem um imenso carinho pelos pacientes. Ele contou que no início do ano a Prefeitura comprou uma máquina de lavar roupas para aqueles que não têm  e reivindicou um carro exclusivo para o CAPS: “Quero lembrar que fiz emenda na Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO aprovada no ano passado, para que fosse utilizado recurso para a compra deste veículo”. Ele sugeriu ao presidente Sérgio Borel que, se a Câmara puder, que devolva dinheiro à Prefeitura com a promessa de ser feita esta compra. O presidente Sérgio afirmou que se for possível ele terá imenso prazer em atender o pedido. 

A paciente Marilza Estevão leu uma poesia de sua autoria na tribuna da Câmara. O paciente Adail Foca disse que nos mais de 10 anos de tratamento aprendeu muito e exibiu orgulhoso os trabalhos manuais que faz. Agradeceu a todos do CAPS e o apoio da família. Também falou na tribuna o paciente Gilson Ferreira: “Se não fosse o CAPS não sei o que ia acontecer com a gente, mas Deus sabe. Muito obrigado porque a gente está participando da luta”. Sempre muito atenciosa com eles, a pedagoga Josélia Caloy, que auxiliou quando os pacientes cantaram duas músicas na Câmara, comandados por Ederson Tavares, fonoaudiólogo e musicoterapeuta. Ele é do NASF e presta serviço ao CAPS. Foi uma bela apresentação que mostrou a alegria daqueles que estão tendo a chance de ter um tratamento digno e mais respeito da sociedade. O presidente da Câmara Sérgio Borel citou a cozinheira Marli que é muito falada pelos pacientes: “Ela deve fazer uma comida muito gostosa, porque é sempre lembrada”. Ele parabenizou o secretário municipal de Saúde Robson Feitosa que também estava na Câmara e a toda equipe do NASF e do CAPS.

Marcos Alexandre F. Moreira, militante do movimento antimanicomial e Thamyres Santos, coordenadora do CAPS: dedicação á causa.

Marcos Alexandre falou sobre a história da reforma psiquiátrica que culminou com mudanças também no Brasil, extinguindo os hospitais psiquiátricos.

Thamyres Santos, coordenadora do CAPS explicou como é feito o atendimento e quais as atividades do Centro.

A poetisa Marilza Estêvão, paciente, leu uma de suas poesias. 

Senhor Adail Foca, paciente, exibiu orgulhoso os trabalhos manuais que faz e agradeceu a todos do CAPS e o apoio da família.

Coral se preparando para a apresentação. Vereador Benísio Enfermeiro que já integrou a equipe do CAPS, ajudou o musicoterapeuta Ederson Tavares a ligar os equipamentos.

Coral cantou duas músicas e animou a noite na Câmara.

Gilson Ferreira, paciente, falou na tribuna: “Se não fosse o CAPS não sei o que ia acontecer com a gente, mas Deus sabe. Muito obrigado porque a gente está participando da luta”.

Cartaz da campanha da luta antimanicomial que vai permanecer no plenário da Câmara durante o mês.