Amar realiza audiência pública para aprovar novo Estatuto
Na quarta-feira, 15 de novembro, às 17 horas, a Associação Manhumiriense de Amigos Reunidos, AMAR fez uma audiência pública na sede da Câmara de Vereadores para leitura e votação do novo Estatuto da entidade e também a leitura do Regimento Interno. A Associação possui uma Fazenda Terapêutica no Córrego do Ventania, área rural de Manhumirim e trabalha para recuperar e reinserir na sociedade dependentes de álcool e outras drogas. Estavam na audiência, presidida por Hélio Mendonça, a diretoria e equipe técnica da AMAR e convidados. A audiência contou com representante da Prefeitura, a secretária municipal de Promoção Social e Cidadania Irani Ursine Mendes, da Câmara com os vereadores Xandinho e Mário Júnior, professores, representantes de igrejas, clubes de serviços como a Loja Maçônica Propter Humanitatem que enviou o representante Tarcísio e se colocou à disposição para colaborar, Alcoólicos Anônimos, APAE, órgãos do Estado como Emater e DER. No momento dos votos, todos levantaram a mão como gesto de aprovação.
A AMAR realiza um trabalho respeitado no Município e possui uma equipe multidisciplinar com coordenador, psicóloga, assistente social, monitores, educador específico, secretária, assessor jurídico e contador, para dar total apoio àqueles que decidem lutar contra a dependência química. Mas está pedindo ajuda financeira. Para consertar o telhado da casa uma rifa está sendo vendida, como disse o monitor Gláucio Sardir: “Tenho muito orgulho de fazer parte da AMAR e peço doação de todos. Ajudem-nos a vender e comprem.” A associação também tem carnês para as pessoas contribuírem com a quantia que puderem. Diante da crise, o presidente Hélio Mendonça falou: “Atualmente está muito difícil conseguir recursos e ajuda da sociedade. Estamos passando por um momento financeiro muito difícil.” Geni Martins, que já foi presidente da Associação alertou Geni: “Não podemos deixar que a AMAR entre na lista do que a cidade já teve. Tivemos convênios cortados, estamos em dificuldades. Vamos ajudar, trabalhar, eu faço o que posso. Tenho problemas de dependência de álcool na família e sinto na pele o que é enfrentar isto.”
A necessidade de atualizar o Estatuto
A assistente social Míriam Patrício Pinto se disse feliz por ver pessoas da sociedade civil na audiência, por ser um movimento importante para Manhumirim. Ela explicou sobre a importância de atualizar o Estatuto Social de acordo com o Marco Regulatório: “Esta lei estava em construção desde 2014 e se tornou real mesmo em janeiro. Veio para regularizar, legitimar, legalizar e nos dar garantia de direitos. Vocês são vozes ativas e vão reforçar, também, a credibilidade de nossos serviços como comunidade terapêutica.”
A psicóloga Heloísa Helena Duarte ocupou a tribuna para destacar a participação diferenciada das comunidades terapêuticas: “É importante a gente enfatizar que somente nestes últimos 5 anos já passaram pela AMAR aproximadamente 200 pessoas e de cada 10 residentes, 7 estão de pé. Em porcentagens, aqui no Brasil e no exterior, as comunidades terapêuticas são as que mais têm resultados positivos. Hoje temos vários meios de tratamento, e este é um deles, mas porque este? Ele não é pautado em tratamento clínico, pois em clínicas assim, o paciente toma remédio, fica de cama no início e nosso trabalho é diferente, é terapêutico, com laborterapia, trabalhos em grupo, convivência, em várias outras técnicas e eles mesmos vão se redescobrindo, reestruturando para enfrentar a dependência química. De forma livre, vão compreendendo através das atividades, dos horários, da disciplina. Nosso trabalho é sério e juntos, com este Estatuto aprovado, reafirmamos que lá trabalhamos em prol da vida.”
O presidente Hélio Mendonça disse que o Estatuto era muito amplo, com obrigações que não faziam parte da área de atuação da AMAR, por isto a necessidade da mudança para atender o que preceitua a legislação: “Nós da diretoria fizemos várias reuniões, ouvimos especialista de Caratinga, e nestes anos que a AMAR vem funcionando, agradeço aos ex-presidentes que me antecederam, Élio Rodrigues e Geni Martins, pois durante este tempo já vem sendo feito este estudo. Portanto ele foi muito bem feito e estamos submetendo agora à nossa sociedade, muito bem representada aqui hoje.”
Ele também afirmou que a AMAR gostaria de poder receber mulheres, mas a falta de recursos financeiros impede.
Algumas orientações para admitir os pacientes
O coordenador da AMAR, Fernando Martins de Oliveira disse que a associação não faz internações compulsórias, porque o paciente precisa passar por exames completos antes de ser internado, ser avaliado e eles não receitam medicamentos, nem podem prender a pessoa na fazenda. “Até os dentes são examinados antes da internação. Se o paciente disser que não quer mais o tratamento, tentamos convencê-lo a continuar. Caso insista em sair, nos comunicamos com a família”, disse Fernando. A internação é de até 9 meses e o paciente pode voltar, mas o prazo desta volta vai depender do motivo de sua saída. Ele ainda disse: “Temos uma parceira bacana com o SENAR, e levamos cursos profissionalizantes, como manutenção e manuseio de roçadeiras, plantio de hortaliças, agricultura e outros. Neste final de mês teremos de plantio de café e seus cuidados, serviço que tem muito em nossa região.” Fernando falou sobre o trabalho ambiental que é desenvolvido na fazenda e citou o projeto realizado com o grupo Meninas e Meninos de Manhumirim com o plantio de quase 4 mil árvores, mas muitas foram vítimas de queimadas praticadas em outra propriedade próxima e que eles não conseguiram conter, atingindo parte da fazenda.
O presidente Hélio Mendonça explicou que ao fazer os exames, a AMAR evita entrar na alçada do Município, como aqueles que precisam de atendimento no CAPS, por exemplo, que é da área da Secretaria de Saúde. Ele contou que há uma parceria, seja através dos promotores ou dos juízes: “Já passaram na comunidade terapêutica recuperandos de nosso presídio através de penas alternativas, pessoas que se recuperaram, irmãos nossos que passaram por lá e hoje estão bem.” Ele destacou a importância da orientação espiritual através do trabalho diário feito pelas igrejas. E contou como a AMAR conseguiu diminuir o preconceito da sociedade com os dependentes químicos: “Formamos uma rede com a sociedade, com a Secretaria de Educação, Emater, Sindicato dos Produtores Rurais, Sicoob, entidades, hoje temos alegria de dizer que uma meta que alcançamos foi quebrar esta diferença entre o dependente químico e a sociedade, quebramos este paradigma”.
Presidente da AMAR, Hélio Mendonça.
Assistente Social Míriam Patrício Pinto. Psicóloga Heloísa Helena Duarte.
Conselheira Fiscal Geni Martins Representante da Loja Maçônica Propter Humanitatem Tarcísio.
Pres. Hélio Mendonça ladeado pelos monitores Fernando (E) e Momento da votação: Estatuto aprovado.
Gláucio.
Sebastião Marcolino: participou do início da construção.