Cafeicultores pedem ajuda para enfrentar prejuízos com desmoronamentos
Durante a sessão da Câmara de Manhumirim (12/03) o presidente da Câmara do Café das Matas de Minas Admar Soares falou na tribuna para pedir apoio das autoridades municipais na luta pelos cafeicultores que têm somado dificuldades com safra ruim em 2019 e agora desmoronamentos de lavouras em 2020 em consequência das chuvas fortes.
Ele explicou que todas as câmaras municipais das cidades onde eles têm base serão visitadas para unir forças no sentido de buscar soluções urgentes em curto e longo prazos para a política do café.
“Quando falamos de política do café, falamos de tudo relacionado ao plantio, produção, comercialização, de todo o processo, para poder gerar renda e dar emprego para nossa região”, explicou.
O que aconteceu
Em 2019 a cafeicultura sofreu com baixas na quantidade, qualidade e preços que atingiu diretamente o mercado do café. A situação foi sentida em toda a região, como também em Manhumirim, com pouco dinheiro circulando no comércio em efeito cascata na economia municipal.
Mas em 2020 com as chuvas fortes, aconteceu um fato inédito. Ao mesmo tempo em que as cidades foram atingidas por uma enchente de grande proporção que gerou prejuízos a moradores e comerciantes impactando mais uma vez a economia local, lavouras de café desmoronaram levando boa parte da produção embora.
Relatório oficial está pronto para ser entregue em Brasília
Ele enviou a cada vereador fotos e um relatório oficial, realizado após visitas com técnicos da EMATER, presidentes de sindicatos, lideranças comunitárias, órgãos comprometidos com o cafeicultor que será entregue à Frente Parlamentar do Café em Brasília, formada por 36 deputados federais, como detalhou, sendo um de Manhumirim e 8 de Minas Gerais.
Pedido de apoio aos vereadores que procurem seus deputados federais
Admar pediu a cada vereador, independente do partido, que entre em contato com os deputados que apoiaram e os que tiveram votos na cidade e chamar atenção ‘para a causa, para Manhumirim crescer, progredir e também toda a região’, como defendeu.
Relatório traz estimativa de prejuízos em números
Segundo ele o relatório mostra que desmoronaram lavouras de cerca de 535 hectares de terra, número que representa quase 100 alqueires.
“Vocês imaginam o que é isto? Cerca de um milhão e 200 mil pés de café. Em valores, porque também tem secador, tulha, terreiro de cimento, tratores, motosserras, casas, tudo debaixo da terra, nos 12 municípios os prejuízos contabilizam cerca de 12 milhões”, destacou.
“Acontecimento inédito deixou cafeicultores também sem amparo legal”
O presidente da Câmara do Café deixou claro que os cafeicultores estão desemparados legalmente. “Não existe dispositivo legal no ordenamento jurídico brasileiro, no Estatuto da Terra e nem no Manual de Crédito Rural, amparo legal para nos defender de uma situação desta, inédita, porque não tem especificamente sobre desmoronamentos. Lá fala sobre chuva de granizo, geada, enchente na planta, quanto a isto qualquer advogado entra com a ação e ganha. E tem cooperativa de crédito por ai já alegando que o contrato de seguro não prevê o que aconteceu, penso que é motivação para quebrar na Justiça o contrato”, desabafou.
Objetivo é legislação federal que ampare os cafeicultores
O objetivo maior é conseguir chegar ao presidente da República o pedido para que seja editada uma Medida Provisória como ação rápida e em longo prazo conseguir que o Congresso Nacional transforme em lei a previsão de tragédias como estas. “Não sabemos o dia de amanhã, se vai acontecer novamente”, disse na tribuna da Câmara
Admar agradeceu ao Legislativo de Manhumirim que tem disponibilizado o Plenário para as reuniões dos cafeicultores e à reportagem feita pela assessoria de Comunicação da Casa que levou até as autoridades do país em Brasília o clamor de muitos cafeicultores da região em 2019.
“Através de nosso trabalho em parceria com o poder público trouxemos alívio, esperança para cafeicultores e munícipes da região em 2019, mas agora diante deste novo baque temos que agir. Em 1997 aconteceu uma grande enchente, mas os cafeicultores não foram atingidos como agora”, concluiu.
O presidente da Câmara Anderson Dedé disse que o Legislativo está à disposição para colaborar com uma causa tão importante. Ele é autor de indicação que sugere ao Município a busca de parcerias com órgãos ambientais para minimizar as quedas de lavouras.
O vereador Xandinho lembrou que este ano é esperada uma boa colheita e afirmou que é preciso abraçar também a causa ambiental contra os desmatamentos: “Convido a Câmara do Café a lutar conosco neste sentido, para reduzir os desmatamentos, porque há casos em que nos altos das montanhas só tem café, falta mata para segurar a água e as estradas não suportam mais o volume. Penso que depender do Governo Federal este ano é difícil, mas independente disto temos que fazer nossa parte”.
O vereador também lembrou que no ano passado ele e o vereador Mário Junior fizeram um levantamento e constataram que mais de 2 milhões de reais vão embora durante a colheita do café no Município, porque contratam trabalhadores de fora.
“Vamos contratar mão de obra do Município, porque os de fora levam o recurso embora e nosso povo já foi destaque como apanhadores de café. Mas o trabalhador rural não pode querer colher apenas o café da parte mais fácil, mas de toda a lavoura, sem deixar o produtor na mão e ter preço justo”, argumentou ainda o vereador Xandinho.
Imagens das lavouras cedidas pela Câmara do Café: