Combate à dengue foi assunto na Câmara
O coordenador da Epidemiologia Gessoane Marques e o supervisor Joubert Faria: dados e ações sobre a dengue no Município.
O coordenador da Epidemiologia Gessoane Alves Marques e o supervisor Joubert Ítalo de Faria falaram na Câmara, atendendo requerimento do vereador Mário Junior, sobre a dengue no Município. O setor integra a Secretaria Municipal de Saúde.
Gessoane disse na tribuna da Câmara que o Brasil está batendo recorde de mortes atualmente, se comparando com os outros anos, desde 2000. “O Governo Federal investiu 61% a menos em 2023 em ações voltadas para o combate à dengue e campanhas, por isto já tínhamos o alerta do Estado desde o ano passado que este ano seria difícil, sendo que faltou muito material, problema minimizado pelo próprio Município em parceria com a Secretaria de Saúde que comprou telas para caixas d’ água, inseticidas, foi feito um mutirão e até comprado equipamento para o trabalho do “carro da dengue” que passou pelos bairros.
Os dados do Município
Gessoane disse, ainda, que atualmente foram confirmados 594 casos de dengue em Manhumirim, sem complicações graves, nem óbitos. Apesar de no ano passado ter tido uma suspeita de um caso de dengue hemorrágica, depois ele foi descartado porque a pessoa não estava com dengue e sim com uma doença autoimune.
Piscinas têm sido grande foco de dengue e população precisa ajudar
“As localidades mais infestadas hoje estão sendo as áreas mais nobres como Centro, Vila Verde, Roque, pelo fato de que durante a COVID, como as pessoas tiveram que ficar mais em casa, instalaram muitas piscinas e o serviço de Endemias não tem material suficiente para fazer tratamento químico em tantas piscinas. Temos achado muitos focos, muitos mesmo em piscinas e eu gostaria de pedir à população para ajudar, ter consciência, porque sem a colaboração de todos não vamos conseguir vencer isto”, alertou o coordenador.
Fumacê agora é proibido e foi substituído
Respondendo a um dos questionamentos Gessoane explicou que atualmente o Fumacê está proibido pelo Ministério da Saúde. “Chegamos a usar no ano passado, emprestado por outro município, mas foi alertado pelo Estado que não pode mais, porque ele traz impacto ambiental grande, morte de abelhas, pássaros e ele não tem direção, para o lado que o vento soprar ele vai, e é à base de óleo diesel, o veneno é forte”, explicou.
Ele disse, ainda, que Manhumirim é um dos poucos municípios que já possui um equipamento aprovado pelo Ministério da Saúde, que é à base de água, vaporizador em aerossol, não é térmico, é a frio e mais eficaz.
As ações de campo
O supervisor Joubert também falou na tribuna que é bom dar respostas à população que pergunta e falou sobre as ações realizadas no combate à dengue.
“Hoje temos 14 agentes de campo e um veterinário e as ações realizadas vão continuar ao longo do ano por serem de prevenção e não podemos parar”, afirmou.
O supervisor confirmou que no ano passado houve dificuldades de ter materiais, inseticida, larvicida para trabalhar, mas unindo forças com a Secretaria de Saúde, secretário Hugo, os adjuntos Martinha e Luciano, conseguiram comprar telas e realizar um trabalho que foi bem-executado no final do ano.
Índice maior de foco é nas residências
Joubert disse que por causa do trabalho preventivo feito, Manhumirim não está tendo um surto tão grande, como vemos em outros Municípios no entorno.
“Fizemos trabalho de mutirão eliminando focos, telamento de caixas d’ água, compramos inseticida, compramos nossa própria máquina para jogar inseticida nos bairros, e queremos ressaltar que o índice maior de foco é nas residências. Pode ter na rua, mas é mais difícil”, afirmou dizendo, ainda, que há moradores que retiram as telas colocadas pela Prefeitura e não recolocam.
O trabalho dos agentes
O agente epidemiológico passa e orienta, mostra para o morador o que ele pode ou deve fazer, porque eles não têm como fazer tudo.
“Para o morador pode ser cansativo nos receber, mas é importante, porque sempre passa algo despercebido, situações que o morador não vê mas somos treinados, capacitados para isto. Agradeço aos moradores que nos recebem com paciência, pela receptividade, passamos de 2 em 2 meses. O trabalho vai continuar sendo feito e se tiver alguma caixa d’água sem tampa, algum foco, falar com a gente pra tomarmos providência, porque não conseguimos ver tudo.
Trabalho vai muito além do combate à dengue
O setor também atende casos de raiva, leishmaniose, orienta sobre escorpiões, esquistossomose e várias outras situações englobadas, não é só sobre a dengue, esclareceu Joubert que colocou a equipe à disposição da população.
Durante a fala na tribuna foram exibidas imagens no telão sobre outras ações de campo, como blits educativas, palestras nas escolas, o telamento que cobriu a maioria das caixas d’água, aplicação de inseticida, equipamento em aerossol.
“Foram dois ciclos completos na cidade, porque a dengue não vai acabar com o frio como estamos acostumados. Fizemos um livrinho explicativo, mas não tem para todos, porque só fizemos 5 mil unidades.
Vereadores sugeriram medidas a serem tomadas como cadastramento das piscinas e lei municipal para responsabilizar os proprietários
O vereador Xandinho disse ter ficado impressionado ao saber que muitas piscinas acabam sendo criadouros.
“Vocês falaram sobre algo muito importante que é a colaboração da comunidade. É preocupante saber que são encontrados focos na casa de pessoas com mais condição, o que é muito pior, porque em uma piscina, imaginem quantas larvas podem se desenvolver. Tem que cadastrar estas casas com piscinas, fazer visitas, porque em outubro foi previsto ter muitos casos de dengue agora. E temos o cemitério, os ferros-velhos, para tentar melhorar esta situação, mas reforçamos que tem que ter a colaboração da população, e ter a divulgação, a ajuda das rádios nesta campanha.
Gessoane explicou que as piscinas fixas são cadastradas, as de cimento e fibra, sendo que outras menores, que as pessoas compraram, não tem como. E eles estudam ter um termo de responsabilidade para o morador assinar quando receber a tela para a caixa d’água.
O vereador Dr. Rodrigo Soares reforçou que a maior prevenção é o próprio morador.
“A presença de vocês aqui nos faz pensar que é preciso ter uma lei própria para mostrar ao dono de piscina que tem que cuidar e não criar problema para a saúde pública. Quem tem piscina tem dever de cuidar dela não importa a época do ano, se no calor ou frio. Que uma lei própria puna rigorosamente a falta de zelo, primeiro fazer uma notificação, depois multar para evitar “enxugar gelo”.
O vereador também falou sobre o morador ganhar a tela e retirar: “É incrível saber que se coloca uma tela na caixa d’água e a pessoa tira. Também tem que ter lei para isso. Sugiro que nós da Câmara, junto com o Executivo, façamos uma lei e quem sabe no ano que vem, o morador reincidente seja punido legalmente. E continuar com as orientações, principalmente nas escolas para que os alunos ajudem a levar as informações e cuidados para casa. Parabéns a vocês pelo trabalho”.
O presidente Dedé Motoboy agradeceu a eles pela presença na Câmara. “A vinda de vocês aqui foi muito esclarecedora e sabemos das dificuldades e demandas que são muito grandes”.