Servidores da Superintendência Regional de Saúde pediram apoio contra a transferência para Manhuaçu
Durante a reunião da Câmara de quarta-feira (20) os vereadores ouviram o depoimento da servidora Giselly Franco, que foi acompanhada por colegas da Superintendência Regional de Saúde de Manhuaçu, ainda com sede em Manhumirim, pedir apoio aos vereadores contra a mudança para Manhuaçu.
A história da transferência até aqui
A Gerência Regional de Saúde funciona em Manhumirim há mais de 30 anos, e possui cerca de 70 funcionários. Apesar disto, a Reforma Administrativa do Governo do Estado, em 2020, incluiu a mudança da sede para Manhuaçu, com o nome de superintendência, mas sem local apropriado, o que perdura até hoje. Por isto a regional continua funcionando em Manhumirim, já que o local onde seria a sede em Manhuaçu, antiga Prefeitura, fica no centro nervoso da cidade, apertado, sem estacionamento, e ainda sem obra concluída.
Giselly pediu apoio em nome dos demais servidores: “estamos indignados”
Na tribuna popular, Giselly Franco pediu apoio aos vereadores e os deputados que eles apoiam. “O momento é oportuno, porque estamos em ano eleitoral e os contatos já começaram”, disse.
Ela relatou que o Decreto 47.844 de 17 de janeiro de 2020 alterou a organização da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais onde no segundo parágrafo menciona que a sede permanecerá localizada em Manhumirim até a integralização dos procedimentos necessários para a transferência.
Mudança vai prejudicar a prestação de serviços
“Isto significa que vamos sair de um imóvel muito bem localizado, local arejado, ventilado, com todos os recursos necessários, sem falar do aluguel irrisório, para uma sede em um centro de uma cidade tumultuada, sem estacionamento, com espaço limitante, e um governo que diz não ter dinheiro para pagar reajuste do funcionalismo, vai ter que custear outros espaços”, argumentou.
E alertou que tanto os servidores, quanto as pessoas dos 34 municípios atendidos, não terão onde estacionar para a busca por vacinas, medicamentos, insumos, cursos de capacitação e tudo mais que a regional oferece e terão que ir mais longe. E deu como exemplo o grande movimento de veículos na porta da sede em Manhumirim acontecido no dia da reunião da Câmara, buscando atendimentos.
Funcionários estão sendo prejudicados
A servidora destacou que a Saúde não é feita de máquinas e prédios, mas de pessoas com saúde, motivadas a trabalhar, que precisam manter o sustento de suas famílias e não houve justificativa justa para a mudança.
“Ninguém pensou em nossa saúde física, mental e psicológica. Estamos sem saber quando e como vamos fazer, pagar transporte todo dia para outra cidade e nem no sofrimento nosso e de nossas famílias”, disse.
Ela também perguntou onde está a força politica que no passado beneficiou o município, que está enfraquecendo politicamente, faltando representatividade política.
A perda econômica para Manhumirim
Outra questão alegada é que a regional movimenta a cidade recebendo pessoas de outros municípios, que compram no comércio, fazem refeições, consomem aqui e a mudança vai desviar esta renda, fora os funcionários que também não vão mais comprar aqui.
“Pedimos a vocês, nossos representantes, porque em ano eleitoral é o momento de pedirmos ajuda, de vocês aderirem ao nosso movimento para fortalecer a nossa cidade e esta instituição permanecer”, e lembrou que muitos deputados estiveram aqui para ganhar votos, mas depois viraram as costas para Manhumirim.
“Não adianta somente destinar emendas parlamentares, máquinas, equipamentos, se não cuidarem da população”, desabafou.
Pedido de apoio jurídico
Os servidores pediram apoio jurídico da Câmara para entrar com uma ação de inconstitucionalidade. O presidente da Câmara Mário Junior disse que tanto a Câmara quanto a Prefeitura podem ajudar com seu departamento jurídico.
A luta da Câmara desde o início contra a saída da regional
O vereador Xandinho disse que na outra legislatura, em 2020, foram a Belo Horizonte ele, os vereadores Mário Jr, Dedé Motoboy e o então vereador Sérgio Borel, atual prefeito.
“Pudemos verificar que é uma transferência simplesmente por ato político, acima de nós, mas enquanto a regional tiver um pé aqui, ainda acreditamos que algo pode ser feito”, disse.
Ele relembrou que foram pedir apoio em todos os 77 gabinetes e contou que muitos deputados não deram atenção e alguns até disseram que nossa região não era a deles. E que entre os representantes daqui, somente a deputada Celise Laviola deu apoio e conseguiu agendar um encontro com o secretário de Saúde.
“Quando o Mário Junior comentou com ele onde seria a sede em Manhuaçu, que teriam sérios problemas de logística, percebemos que ele nem tem noção de como é a cidade de Manhuaçu, ou seja, trata-se de um acordo de levar a regional para lá.”, relembrou.
Aqueles que vêm pedir voto podem ajudar
O vereador Xandinho também alertou que aqueles que estão para se eleger é que vão ter que ajudar e não só os vereadores têm contatos, mas as pessoas de Manhumirim que trabalham para deputados, também podem fazer sua parte.
“Foi um momento político quando tentaram levar, tanto é que até hoje a obra da nova sede em Manhuaçu não foi concluída. A gente até sugeriu que tivesse um ponto aqui e manter os funcionários. Estacionamento em Manhuaçu não fica barato. Vai ficar difícil e ouvimos lá no Estado que podem esquecer vale tíquete, vale alimentação, vai ser por um tempo e depois cada um segue seu caminho. Ou conseguir outro emprego ou levar a família para Manhuaçu.”, alertou.
“Apesar de a força lá em cima ser maior, vamos continuar lutando, porque a obra em Manhuaçu é totalmente irregular para receber a regional, nossa estrutura aqui é bem melhor, foi ato político, nada mais”, disse.
“Esta luta não é dos 70 servidores, mas dos 23 mil habitantes”
A vereadora Juliana Ananias cumprimentou os servidores da regional, dizendo que é amiga de infância de alguns deles e disse que a luta é muito válida e citou a frase do escritor Guimarães Rosa que diz, “o que a vida quer da gente é coragem”.
“Esta casa é de vocês e o melhor lugar para fazerem este apelo ser ouvido por mais pessoas. É sobre manter aqui um órgão tão importante, que há em poucas cidades e penso que a maioria da população não sabe a grandeza da regional, o quanto movimenta não só a saúde, mas o comércio e tudo que dá sustentação ao nosso município. Façam mais apelos, as pessoas precisam saber, a luta não é só dos 70 servidores, mas de todos os 23 mil habitantes.” Disse a vereadora que considera a regional como um patrimônio da cidade.
“Coragem, não desistam e o que vocês precisarem da Câmara, estamos aqui para levar a voz de vocês aos deputados que são mais próximos, fazer o que for possível e mesmo se perdermos não vamos perder sem lutar”, disse.
Vereador ofereceu assessoria jurídica
O vereador Rodrigo Soares, que é advogado, se colocou à disposição para ajudar nas questões jurídicas.
“Se quiserem me procurar no meu escritório, mesmo não sendo minha área, peço para colegas, quero ajudar como advogado e vereador para a permanência da regional aqui e não vou medir esforços também com deputados de fora”, disse o vereador Rodrigo.
“Não temos mais representantes como no passado”
O vereador Sandro Ribeiro destacou a perda de representatividade política do Município.
“A gente fica triste de ouvir estas falas e saber desta situação. Pena que nos últimos tempos não vemos, como havia antigamente, políticos que nos representam lá fora como o saudoso Dr. Genésio Bernardino que direcionou a regional para nossa cidade e agora ela nos é tirada após mais de 30 anos por política. Amigos nossos de tantos anos que trabalham na regional estão indignados, assim como eu. Economia para quê, para quem? E os funcionários? E as pessoas que utilizam o serviço todos os dias? O que estiver ao meu alcance, estaremos juntos”, afirmou.
“Não tem estacionamento em Manhuaçu nem pagando, temos que formar uma comissão”
A vereadora Darci Braga contou que esteve em Manhuaçu na terça-feira, rodou para estacionar e, mesmo procurando estacionamentos pagos, não existiam mais vagas.
“Agora imagina como o povo vai para lá, como vai mexer com a saúde das pessoas, de todos os 34 municípios, e os servidores vão ter uma despesa alta. Temos que lutar, montar uma comissão com nosso prefeito, convidar outros prefeitos, mas a gente não pode perder a esperança. Desde o meu mandato de Prefeitura eles queriam tirar, mas vamos conseguir vencer esta parada, podem contar comigo. Parabéns a vocês por esta luta, que é também de todos”, falou aos integrantes da regional.
Localização em Manhumirim facilitou entrega de vacinas durante a pandemia
O vereador Alexsandro Lemos lembrou da atuação da sede em Manhumirim durante a crise do coronavírus: “Um bom exemplo é durante a pandemia, com o helicóptero pousando ao lado da regional, olha a agilidade que tivemos e as cidades vizinhas, com este espaço fantástico, acesso fácil. Me sensibilizo com vocês e tenho certeza que nenhum manhumiriense quer a perda da regional de Saúde devido à sua relevância. A decisão é do Estado, com votação da Assembleia Legislativa, mas vamos colaborar dentro de nossas possibilidades. De qualquer maneira, sempre será a Regional de Saúde de Manhumirim”.
A Câmara tem lutado por esta causa desde o início
O vice-presidente da Câmara, vereador Dedé Motoboy também destacou que a Casa abraçou a causa, falou sobre a viagem a Belo Horizonte e quando foram colher as assinaturas de vários prefeitos da região.
“Sabemos da importância da regional, e quero dizer que contem conosco e tenho certeza que com o Executivo também. Conheço o espaço em Manhuaçu, é super inadequado. É uma honra vocês estarem aqui conosco hoje”, disse o vereador Dedé.
Presidente propôs reunião específica para tratar do assunto
O presidente Mário Junior encerrou o momento do debate dizendo que a Câmara está sempre aberta ao diálogo e aos interesses do município.
“Eu sugiro que façamos uma outra reunião, hoje não temos o espaço de tempo adequado, mas que a gente se reúna com líderes de outros partidos para somar nesta causa”, falou.
E disse que é preciso cobrar de todos os deputados que procuram votos em Manhumirim o apoio para a permanência da regional. “Esta situação foi criada, a luta é muito desigual e aconteceu no mandato passado, por isto muitos não se lembram, mas temos lutado sim”, afirmou.
“Temos que votar em menos candidatos a deputado e dividir menos”
O vereador Mário Junior encerrou dizendo que a luta pelos direitos dos servidores vai ser constante e é preciso que o cidadão de Manhumirim não vote mais em mais de 100 candidatos como aconteceu na última eleição, porque fica muito dividido e o Município fica enfraquecido.
“Aqui na Câmara representamos 6 a 7 partidos diferentes, mas em vista de todos os nomes votados no Município é muito pouco, por isto precisamos das pessoas de fora da Casa que têm trabalhado para deputados para apoiarem a causa também”, concluiu.